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Durante a sessão ordinária da última segunda-feira (14), vereadores de São João da Boa Vista criticaram a implantação do Centro de Detenção Provisória (CDP) em Aguaí. O CDP foi entregue no último sábado (12) pelo governador Tarcísio de Freitas e terá capacidade para 823 presidiários. Ele está instalado na estrada que liga Aguaí a Pirassununga.
Um dos vereadores que mais questionou a implantação foi o presidente da Câmara Municipal, Carlos Gomes, que chegou até a se exaltar. Para ele, com a novidade, São João da Boa Vista se tornará uma cidade menos segura.
“Eu acho que eu sou contra [o CDP] e tenho que vir aqui nessa tribuna mostrar a minha posição (…) Nós temos CDP em Mococa e em Mogi Mirim. Mas outro, aqui em Aguaí? (…) São João não vai ser mais a mesma porque Aguaí não tem estrutura e quando começar o rodízio de visita [aos presidiários], essas visitas culminarão com a sua estadia aqui [em São João]. Adeus a essa liberdade, a essa tranquilidade de se poder andar tranquilo à noite. Adeus à liberdade de se ter uma janela sem grade”, declarou, com tom de voz elevado.
CRÍTICA A AUTORIDADES
Carlos Gomes disse que buscará meios para impedir que o Centro de Detenção Provisória comece a funcionar. Ele ainda criticou autoridades e pessoas que já ocuparam cargos políticos na região por não terem se posicionado contra a instalação do CDP.
“Se houve erro, se deixaram, se coadunaram, se concordaram, eu sou contra. Tem jeito de corrigir? Não sei, mas eu vou botar, colocar, vou brigar com todas as minhas forças para que isso não aconteça. (…) Foi todo mundo tirar foto lá com o governador para a rede social. Você viu alguém brigando lá para trazer mais carro de polícia pra cá, para reforçar o efetivo da Polícia Militar, da Polícia Civil, que, há anos, estamos brigando para o governo estadual trazer para cá?”, apontou.
ESTUDO DE IMPACTO
Outro vereador que se mostrou insatisfeito com a vinda do Centro de Detenção Provisória foi Rodrigo Barbosa. Ele questionou se foi feito um estudo do impacto que o CDP causaria na segurança.
“Foi feito um estudo de impacto de segurança pública? Até que ponto a gente vai estar seguro? Como assistente social, eu tenho que me execrar de preconceitos, os presos têm que ter seus direitos garantidos, sim. Mas por que na nossa região, que era pacata? Isso pode trazer um risco para nós?”, questionou.
A vereadora Joceli Mariozi reforçou as críticas às autoridades regionais que apoiaram a vinda do CDP e demonstrou preocupação com o bem-estar das crianças.
“Eu tenho relato de uma criança (…) que onde ela vive, essa criança, dentro da escola, ela foi ameaçada por outro amiguinho, que o pai é presidiário. Então ele disse para a criança: ‘se você não fizer aquilo que eu quero, eu vou falar para o meu pai que está no presídio’. Ou seja, como vai ficar a situação das nossas crianças? Será que isso vai acontecer aqui?”, indagou.
Os vereadores Macena e Claudinei Damálio também se manifestaram contra o Centro de Detenção Provisória.
PREFEITURA DE AGUAÍ
Em contato com a nossa reportagem, a prefeitura de Aguaí afirmou que a implantação do CDP é uma determinação do governo do estado de São Paulo, que é quem deve responder às críticas e questionamentos.
Perguntada sobre se achou positiva a vinda do centro de detenção provisória, a prefeitura de Aguaí disse que não questiona as decisões do governo estadual.
GOVERNO DE SÃO PAULO
Nossa reportagem entrou em contato com o governo do estado de São Paulo. Em nota, a secretaria da administração penitenciária informou que a construção do centro de detenção provisória foi feita com base em estudos considerando as demandas regionais e que o CPD é uma unidade de segurança máxima. Confira abaixo a nota na íntegra.
“A Secretaria da Administração Penitenciária informa que a construção do Centro de Detenção Provisória de Aguaí teve início em 2015, com base em estudos considerando as demandas regionais à época. A entrega faz parte do plano de expansão de unidades prisionais.
O novo CDP, com capacidade para 823 custodiados, é uma unidade de segurança máxima, com altas muralhas e vigilância armada, além de celas com abertura e fechamento automatizadas eletronicamente, sistema de monitoramento por 84 câmeras de vigilância, além de raio-x, detectores de metais e scanners corporais.”
Reportagem publicada em 16/08/2023