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Uma denúncia de bullying, cyberbullying, homofobia e incentivo ao suicídio em uma escola de São João da Boa Vista no final de fevereiro trouxe à tona o debate sobre o comportamento de crianças e adolescentes neste início de ano letivo.
As mensagens no grupo apresentavam um tom agressivo, com pelo menos dois jovens constrangendo a vítima publicamente. Além disso, em conversas privadas, enviaram áudios incentivando o aluno a tirar a própria vida.
Em um dos textos do grupo, uma aluna manda Gabriel (nome fictício) enfiar uma faca nas partes íntimas e questiona se ele já morreu, pois não havia visualizado sua mensagem. Em seguida, ela afirma que “é o ciclo da vida, todo mundo nasce e morre”.
Uma parte considerável dos outros membros repreende a atitude da menina, que sai do grupo logo em seguida, mas é colocada novamente.
Além disso, em mensagens privadas, um menino xinga Gabriel de gordo, gay e diz que ninguém gosta dele. Também diz que a vítima “faz catequese, fala que é de Deus, mas é um gay”, e segue as ofensas com vários palavrões.
Um dos áudios enviados pelo mesmo menino manda Gabriel “virar homem”, diz que contratou homens para estupra-lo e continua a sequência de palavrões.
A média de idade dos envolvidos é de 11 anos.
Jaqueline Viana, gestora administrativa e pedagógica do COC, esclareceu que, embora os ataques tenham ocorrido fora do ambiente escolar, a equipe do colégio prontamente tomou medidas para solucionar a questão, convocando os responsáveis dos envolvidos para uma reunião presencial.
Ela também destacou que, desde o início de 2025, o COC tem intensificado ações para combater o bullying dentro e fora da escola.
“As famílias estão bem atentas, a equipe e os professores, porque a gente têm feito um trabalho bem intensivo […] de posicionamento como intolerantes ao bullying”, afirma Jaqueline. “Embora não tenha acontecido no ambiente escolar, […] sabendo da notícia, nós contatamos a família de todos os envolvidos e os atendemos pessoalmente”.
A gestora aponta que a psicóloga do colégio também foi acionada, e está sempre à disposição para colaborar em casos como esse.
Como medida para desestimular o bullying cometido dentro da unidade escolar, o aluno agressor é punido com uma suspensão de três dias letivos, além de ser orientado sobre suas atitudes.
O psicólogo Jarbas Capusso Filho, pós-graduado em psicopatologia e especializado em prevenção ao uso de drogas, explicou as diferenças entre bullying e cyberbullying, ressaltando a necessidade da união entre escola, pais e responsáveis para minimizar esse tipo de ocorrência em todo o país.
“O bullying é um conjunto de atos de violência física e psicológica, intencionais e repetidos, cometidos por um ou mais agressores contra uma determinada vítima. […] O cyberbullying acontece na esfera digital, mas muitas vezes, é até mais grave.”
O profissional aponta que vítimas de bullying costumam recusar voltar para o ambiente escolar, tendem a se isolar, têm falta de apetite, insônia, dor de cabeça, apresentam quedas no desempenho escolar e, em casos mais graves, atentam contra a própria vida.
A orientação de Jarbas é que, tanto para os responsáveis pela vítima, como para a escola, é necessário manter um canal aberto de comunicação, e também acompanhar o comportamento das crianças a fim de identificar sinais de violência sofrida ou estimulada.
A Diretoria de Educação de São João da Boa Vista, apesar de não ter total autoridade sobre o caso por se tratar de uma escola particular, afirmou que todas as instituições de ensino do município desenvolvem atividades e projetos voltados para a conscientização sobre o respeito e a empatia.
Entre as ações, estão rodas de conversa e dinâmicas com os alunos, além do encaminhamento das vítimas para a rede de proteção social em casos mais graves.
No entanto, não há estatísticas oficiais sobre a incidência desse tipo de ocorrência na cidade.
Matéria publicada em 13 de março de 2025, às 11h36.