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Um homem, nascido em Águas da Prata, que se apresentava sob o nome de Edward Albert Lancelot Dodd-Canterbury Caterham Wickfield, na década de 80 conseguiu ingressar no curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e, posteriormente, foi aprovado em um dos concursos mais disputados do país, assumindo o cargo de juiz.
Porém, já aposentado, sua verdadeira identidade foi revelada em outubro de 2024, quando tentou emitir uma segunda via do Registro Geral (RG) em uma unidade do Poupatempo, no bairro da Sé, na capital paulista.
Durante o processo de coleta das impressões digitais, o sistema apontou uma incompatibilidade: as digitais correspondiam a outro nome, no caso, José Eduardo Franco dos Reis, uma identidade brasileira.
Ao ser ouvido pelo Ministério Público em dezembro do mesmo ano, José Eduardo, hoje com 67 anos, alegou que estaria tentando renovar o documento em nome de seu suposto irmão gêmeo chamado Edward, que, segundo ele, teria sido entregue ainda na infância a uma família britânica.
A explicação, no entanto, foi recebida com desconfiança pelas autoridades, que investigam se houve falsidade ideológica e eventuais fraudes no processo de ingresso na universidade e no concurso público. Isso tudo porque gêmeos, mesmo idênticos, não possuem a mesma impressão digital.
Segundo a acusação, o ex-juiz teria conseguido enganar, por mais de quatro décadas, praticamente todas as instituições públicas com as quais teve contato, utilizando uma identidade fictícia enquanto preservava, paralelamente, seu verdadeiro nome.
De acordo com a Promotoria, os motivos que o teriam levado a viver sob duas identidades permanecem, até o momento, desconhecidos. O Ministério Público continua investigando o caso, que levanta sérias suspeitas sobre a regularidade dos atos praticados ao longo de sua carreira jurídica.
O caso repercutiu amplamente na microrregião de São João da Boa Vista, especialmente porque José Eduardo nasceu em Águas da Prata, município paulista consideravelmente pequeno, mas bastante reconhecido pelo turismo.
Ao final da denúncia, o Ministério Público pediu aos órgãos competentes que cancelem os documentos de Reis com o nome falso, incluindo o CPF em nome de Wickfield.
A Promotoria também pediu medidas cautelares alternativas à prisão, como a entrega do passaporte do denunciado e a proibição de ele se ausentar da cidade onde mora.
Matéria publicada em 10 de abril de 2025, às 12h38.